segunda-feira, agosto 10, 2009

Concentração (dhâranâ)

Por Marcelle Machado

Continuação direta do processo de inibição sensorial, a concentração é “a concentração da mente num estado de imobilidade”, segundo a definição que o Tri-Shikhi-Brâhmana-Upanishad (31) dá dessa prática avançada.

A concentração, quinto membro do caminho óctuplo, é o direcionamento da atenção para um determinado suporte (desha), que pode ser uma parte específica do corpo com chakra ou um objeto externo que foi interiorizado (como a imagem de uma divindade).

O termo que Patanjali designa a concentração é dhârana, derivado da raiz verbal dhri, que significa “segurar”. O que fica seguro é a atenção, a qual é fixada num objeto interiorizado. O processo que está por trás disso chama-se ekâgratâ, termo composto de eka (“um único”) e agratâ (“acuidade” ou “direcionalidade”). Essa unidirecionalidade ou atenção concentrada é uma forma muito mais intensa daqueles lampejos de concentração que temos, por exemplo, durante o trabalho intelectual.

Mas enquanto a concentração ordinária é na maioria das vezes um estado que gravita em torno da cabeça e é acompanhado por uma grande dose de tensão localizada, a dhâranâ yogue é uma experiência que toma o corpo inteiro sem impor tensão alguma, muscular ou de outra espécie, de modo que chega a alcançar uma dimensão extraordinária de profundidade psíquica na qual pode desenrolar-se o trabalho criativo interior.

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