segunda-feira, agosto 10, 2009

Êxtase (samâdhi)

Por Marcelle Machado

Assim como a concentração, quando suficientemente aguda, conduz à absorção da meditação, assim também, quando todos os “turbilhões” ou “flutuações” (vritti) da ordinária consciência desperta são perfeitamente contidos pela prática da meditação, sobrevém o estado de êxtase (samâdhi).
Portanto, a concentração, a meditação e o êxtase são fases de um processo contínuo de desconstrução ou unificação da mente. Quando esse processo decorre tendo por base o mesmo objeto interiorizado, Patanjali chama-o “constrição” (samyama).

O estado extático, sendo o auge de processo árduo e prolongando de disciplina mental, é dificílimo de definir ou descrever, muito embora essa definição ou descrição seja crucial para o perfeito entendimento do Yoga. Já foi interpretado muitas vezes como uma espécie de transe auto-hipnótico, uma queda na inconsciência ou até um estado esquizofrênico induzida por meios artificiais.

Segundo Feuerstein, autor de A tradição do Yoga (1998) nenhum desses rótulos, porém, é adequado. O que pouca gente compreende é que, em primeiro lugar, samâdhi compreende uma larga variedade de estados; e, em segundo lugar, que as pessoas que de fato alcançaram esse estado de unificação em suas várias formas admitem unânimes que a lucidez mental é um dos seus sinais distintivos.
O verdadeiro samâdhi, porém, é sempre acompanhado de uma supervigília.

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